Wednesday, May 30, 2007
Leitura obrigatória
Os gatos são também os meus livros. Todos os animais com quem convivi ao longo dos anos me têm ensinado a viver. Todos me têm ensinado a suavidade da vida com a clareza que os humanos falham. Viver com eles, perto deles, atenta a eles tem sido uma extraordinária lição de vida. E eles no seu silêncio atento lembram-me todos os dias que encerram nos gestos um autêntico manual de amor.
Sunday, May 27, 2007
Dias de silêncio
Quem se importa se eu me calo, quando há quem fale assim:
Saturday, May 26, 2007
Há alturas em que tudo parece parar
O mundo é o local onde todos transitam.
Não seriam precisos sinais de trânsito, nem polícias sinaleiros
se todos estivessemos conscientes que a vida do outro é igual à nossa. Melhor, se soubessemos que a vida dos outros é a nossa.
Só há uma Vida e nela circulamos todos.
Thursday, May 17, 2007
A fartura dos dias claros
Nos campos estende-se
um lençol de flores
e o cantar dos pardais
engrossa a música do vento
Saturday, May 12, 2007
Um dia seremos outros
montemor-o-novo, 2006O corpo é a nossa âncora
agarra-nos aqui
fixa-nos num tempo
Cresce, dói, alarga,
curva, mirra, morre.
O corpo é um peso,
como uma pedra que pomos
sobre a alma
para que se sirva do instante.
Obriga-nos a fugir, a ir sempre
para fora de nós
olharmos a beleza das flores,
sentirmos o vento que as baloiça.
Sem corpo éramos isso:
o vento, o brilho do sol, as cores do céu.
E - digam-me - que beleza
haveria no gesto de mirarmos
a nossa própria beleza?
Mas o corpo tem prazo;
escurece, engelha, apodrece ainda connosco lá dentro,
começa a estragar-se na nossa presença
para não sentirmos mágoa de o abandonar
e, como um treino de azul,
enquanto o habitamos, viajamos em sonhos
para lá de nós
e, de olhos abertos,
andamos pelo tempo todo,
o que foi e o que está para vir.
Por isso, se atentarmos bem, não há segredos
que o corpo não nos tenha desvendado.
Antes de sermos vento,
céu,
brilho
ou som
habitemo-nos,
olhemos tudo aquilo
com que partilhamos a eternidade.
Thursday, May 03, 2007
Como quem escreve nas paredes
lisboa 2007(eu devia ser grata e ficar contente por uma pessoa que só pode ser muito minha amiga ter escrito que este espaço era da sua eleição. pois é, devia mesmo. e estou. fiquei só assim meio sem jeito.)
Cabe-me agora dizer alguns dos sítios que visito. Temo que se o fizesse a coisa se tornasse uma vergonhosa troca de galhardetes. Tu nomeias-me, eu nomeio-te, e a ti e a ti. Parecia um nunca acabar de elogios para quem se conhece já de há muito. Os meus conhecidos - Soukha, Bettips, Bailado das Borboletas, Lobos Sem Estepes - estão livres de nomeação. Eu sei o que custa receber elogios dos amigos. Ficamos sempre sem jeito, como que em dívida. Vocês sabem que vos leio sempre com agrado e que aprendo muito com o que escrevem.
E, posto isto, aponto só dois, que nem sabem que são lido por mim, nem que o gato lunar existe. Um segredo meu que partilho com todas as pessoas que aqui vêm: Diário de Sombras II e Ervilha Cor de Rosa. Não têm nada a ver um com o outro, nem com os outros que leio, mas quero acreditar que o mundo perfeito se faz de diferenças.
como explicar todo este céu?
crepúsculo de abril 2007Descobriram um novo planeta onde, acredita-se, pode haver água e condições para o homem viver. Tem também um sol, um imenso sol vermelho que lhe dá uma atmosfera sombria e escura. Deve ser um planeta grenat, com um céu cor de uva e onde todas as coisas vivas caminham hesitantes nessa luz crepuscular. Fora isso, pensa-se que poderá ter a mesma temperatura média da Terra e iguais hipóteses de albergar vida.
Quando um dia, um ser vivo de cá encontrar um ser vivo de lá que palavras irá escolher para lhe falar no céu azul, mesmo ao anoitecer, e do enorme brilho do sol que semeia reflexos de luz por toda a Terra?
