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Friday, February 16, 2007

A perfeição do mundo


Pela manhã, antes da trovoada, acordei para o dia com a timidez dos ensonados. O Gatú olhava fascinado pela porta do quarto para as ervas que cresciam em baixo. Fixo como uma estátua mas sem a tensão de caçador. Silencioso, embevecido. Espreitei e vi dois pintassilgos a bebicar nas ervas. Coloridos e seguros, entregues às suas tarefas como se estivessem sozinhos no mundo, que o mesmo é dizer como se o mundo fosse só deles. O gato seguia com o olhar os salticos entre as ervas e eu fiquei ali, atrás do gato, a admirar a cena: um animal a ver outros dois, o olhar preso na beleza na cena. E imaginei que algures outro ser olhava atrás de mim e via a cena: um animal a admirar outro animal que segue com o olhar outros dois animais e assim por diante até à esquina do infinito. E se houve coisa de não tive dúvidas foi da intenção amorosa do gato a observar ingenuidade dos pintassilgos donos do mundo.

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