Tuesday, May 23, 2006
perder o fio à meada

Só perde o fio à meada,
só se esgota no pensamento,
quem se agarra à concreta equação dos dias.
Leves e livres,
como as gaivotas
como os pardais
como os raios de sol
que se passeiam, ilimitados, pelo brilho das águas,
as crianças e os animais
desenham na brisa os seus desígnios.
Não há sonho que lhes esteja vedado:
travar o eco da gargalhada no ar,
morder os raios de sol
escorregar pela poalha cintilante das estrelas
passear pelos céus com o infinito pela trela.
Eles, na magia presente do seu afã,
nem sonham que há uma meada
que vão tecendo, tecendo,
ao som de risos e sonhos
sem nunca lhe baralhar os fios.