Saturday, April 22, 2006
Friday, April 21, 2006
Há altura em que parece que estamos na esquina da vida a ver quem passa e a constatar que o que se passa nada parece ter a ver connosco. E nessas alturas não há nada para dizer. Tudo parece dito... Acumulam-se as coisas por fazer porque tudo parece estranhamente sem sentido. E a vida, de mansinho e sem barulho, vai passando, na esquina onde nos encostámos de braços cruzados à espera de a ver passar.
As pedras aproveitam o calor do sol e armazenam-no. Não se descobriu ainda se esse calor lhes dará alguma vantagem directa. Para os lagartos esse calor é das coisas mais preciosas. Acordados do frio do Invermo que os mantém num limbo que mais parece um intervalo na vida, os bichos de sangue frio esticam-se sobre as pedras, convencidos que esse calor que sentem vem da alma da pedra. Aconchegam-se nesse colo morno confiantes e, por momentos, a pedra imagina que no seu mineral sistema circula sangue quente, amorável, para aquecer os lagartos.
Thursday, April 20, 2006
"Não existe nada fora de ti, que não exista dentro de ti. Não existe nada que busques fora de ti, que não possas encontrar em ti próprio."
Wednesday, April 19, 2006
Não há prisão mais competente que os afectos. Não há grilheta mais pesada que o amor. Quando apontamos os afectos e o amor a um objecto determinado, ficamos sentenciados à mais cruel das penas.Quando o Afecto e o Amor se distanciam do objecto e habitam em nós num exercício quotidiano, teremos completado o exercício de ser parte do Afecto, parte do Amor... e pouco mais teremos a fazer aqui. Até lá, arrastemos com esforço a nossa inabilidade de viver (ser) o Amor.
Tuesday, April 18, 2006
(…) Tenho medo de falar, sabes. É como se o meu corpo estivesse muito mais à frente que as palavras. (…)
Mas eu preciso mesmo das palavras para pôr o corpo a andar. (…) Creio até que, se as palavras não existissem, também não haveria a realidade."
António Skármeta in A Rapariga do Trombone
Monday, April 17, 2006
Não temas ser diferente da multidão se isso for conforme à tua verdade,
mas não o sejas somente para te destacares.
Enfeitar com flores os espinhos da vida
Sunday, April 16, 2006
De repente voaram os dias nas saudades dos gatos. Há gatos pelos caminhos daqui, gatos lunares também. Hoje está lua cheia, os gatos andam com cio.
Wednesday, April 12, 2006
Concentração
Cada formiga tem uma função importante para abrir o formigueiro quando chegam os dias quentes e deixar esta simetria no chão. Porém, olhando ao número de formigas existentes num formigueiro, um indíviduo parece não importar no computo do conjunto.
Não é uma formiga que faz o formigueiro, é o conjunto de todas elas. Uma...mais uma, mais uma... A soma do universo!
Tuesday, April 11, 2006
Caminha placidamente entre o ruído e a pressa. Lembra-te de que a paz pode residir no silêncio.
Sem renunciares a ti mesmo, esforça-te por seres amigo de todos.
Diz a tua verdade, clara e serenamente.
Escuta os outros, ainda que sejam torpes e ignorantes; cada um deles tem também uma vida que contar.
Evita os ruidosos e os agressivos, porque eles denigrem o espírito.
Se te comparares com os outros, podes converter-te num homem vão e amargurado: sempre haverá perto de ti alguém melhor ou pior do que tu.
Alegra-te tanto com as tuas realizações como com os teus projectos.
Ama o teu trabalho, mesmo que ele seja humilde; pois é o tesouro da tua vida.
Sê prudente nos teus negócios, porque no mundo abundam pessoas sem escrúpulos.
Mas que esta convicção não te impeça de reconhecer a virtude; há muitas pessoas que lutam por ideais formosos e, em toda a parte, a vida está cheia de heroísmo.
Sê tu mesmo. Sobretudo, não pretendas dissimular as tuas inclinações. Não sejas cínico no amor, porque quando aparecem a aridez e o desencanto no rosto, isso converte-se em algo tão perene como a erva.
Aceita com serenidade o cortejo dos anos, e renuncia sem reservas aos dons da juventude.
Fortalece o teu espírito, para que não te destruam desgraças inesperadas.
Mas não inventes falsos infortúnios.
Muitas vezes o medo é resultado da fadiga e da solidão.
Sem esqueceres uma justa disciplina, sê benigno para ti mesmo. Não és mais do que uma criatura no universo, mas não és menos que as árvores ou as estrelas: tens direito a estar aqui.
Vive em paz com Deus, seja como for que O imagines; entre os teus trabalhos e aspirações, mantém-te em paz com a tua alma, apesar da ruidosa confusão da vida.
Apesar das tuas falsidades, das tuas lutas penosas e dos sonhos arruinados, a Terra continua a ser bela.
Sê cuidadoso.
Luta por seres feliz.
Friday, April 07, 2006
Parar a meio do dia para pensar nas coisas pelo lado de dentro
Parar a meio da vida para - ainda é tempo! - inverter o caminho.
Saturday, April 01, 2006
Num instante tudo muda. O Mundo deixa de ser mundo numa fracção menor do que o nanogésimo de segundo (que é coisa que não sei se existe e se existe não a agarro, apesar da minha felina rapidez). A realidade está num constante movimento, nada se consegue fixar na imagem concreta com que desejamos desenhar o quotidiano. As imagens planas e fixas existem somente na nossa memória, que o mesmo é dizer, na nossa vontade de nos fixarmos, por medo, insegurança e solidão, a um colo qualquer... maternal. O movimento, a constante mutação das coisas é de tal forma fundamental e eterna que poderemos dizer sem medo de errar: MovimenTudo.